Governo do Ceará lança I Festival AfroCearensidades com entregas de políticas afirmativas e ampla programação cultural no Estado, em novembro
1 de novembro de 2023 - 15:41
O Governo do Ceará lança o “Festival Afrocearensidades – Reconhecimento e Preservação da História e Cultura Negra do Ceará” em celebração ao mês da Consciência Negra, por meio da Secretaria da Igualdade Racial (Seir), em parceria com a Secretaria da Cultura (Secult). O Festival traz ampla programação distribuída entre equipamentos culturais do Estado, com mais de 100 atividades voltadas à fruição, difusão, formação, cidadania e defesa de direitos, com foco na representatividade negra cearense.
A Secretaria da Igualdade Racial, juntamente com a Secult Ceará e as organizações sociais Instituto Dragão do Mar (IDM) e Instituto Mirante de Cultura e Arte, por meio da Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará (Rece) realizam série de ações propostas pelos movimentos sociais, movimento negro e Povos de Comunidades Tradicionais – PCTs (quilombolas e povos de terreiro). “O objetivo central desse Festival é garantir a visibilidade do povo negro, seu potencial criativo e de resistência contra a desumanização que é o racismo”, afirma a secretária da Igualdade Racial, Zelma Madeira.
Combate ao Racismo
Dentro das políticas de combate ao racismo e promoção da Igualdade Racial, a Seir é responsável pela concessão do selo Município Sem Racismo, como forma de estímulo e reconhecimento aos municípios que realizam ações e políticas de enfrentamento às desigualdades raciais e de combate ao racismo, e que adotam iniciativas de fortalecimento de comunidades quilombolas, povos de terreiro, indígenas e ciganos. Até o fim deste ano, a Seir pretende iniciar a entrega dos selos.
No mês de setembro, a Seir assinou um termo de cooperação em parceria com a Secretaria do Trabalho e Sebrae, para desenvolver ações e incentivo para o afroempreendedorismo, acesso ao mercado de trabalho e políticas de crédito para a população negra e PCTs. A transversalidade da temática e ações étnico-raciais também terão parcerias no âmbito da segurança pública, junto à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), com o Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace), Secretaria da Educação (Seduc), Superintendência do Sistema Socioeducativo (Seas), Secretaria dos Direitos Humanos e outras áreas que seguem em trativas e desenvolvimento de projetos.
Políticas Afirmativas de Fomento para a Cultura
Um marco importante para a política cultural e para a população negra cearense será a assinatura do Decreto de regulamentação de ações afirmativas e reparatórias de direitos, no âmbito de Fomento Cultural, a que se refere o Art. 53,§ 2º, da Lei nº 18.012 de 01 de abril de 2022, que institui a Lei Orgânica da Cultura do Estado do Ceará. A homologação do Decreto acontece neste mês de novembro, em que o Governo do Ceará vem aprimorar tecnologias e mecanismos legais de promoção da igualdade e da equidade racial, com Políticas de Ações Afirmativas, por meio de Política de cotas, editais e vagas específicas, bônus de pontuação, para candidatos/as negros/as, quilombolas, indígenas, com deficiência, povos e comunidades tradicionais.
A secretária Executiva de Planejamento e Gestão Interna da Secult Ceará, Gecíola Fonseca, ressalta que as políticas afirmativas são transversais a todos os eixos estruturantes da Secretaria da Cultura, compreendendo: Conhecimento e Formação Artística e Cultural, Patrimônio Cultural e Memória, Artes, Diversidade e Cidadania Cultural. “A Secult desenvolve políticas de ações afirmativas voltadas ao protagonismo de pessoas negras, periféricas, indígenas, ciganas, quilombolas, com deficiência e LGBTI+, que têm como objetivo combater o racismo, a discriminação e as desigualdades.”, afirma Gecíola.
Ainda de acordo com a secretária, a Secult mantém um diálogo estratégico e político com as representações dessas populações, estabelecendo diretrizes de maior abrangência das políticas afirmativas em todas as ações da Secretaria e da Rede Pública de Equipamentos Culturais (Rece). “Essas políticas incluem a reserva de vagas como medida de redução das desigualdades sociorraciais e étnico-raciais, garantindo os direitos desses grupos historicamente discriminados.”, finaliza Gecíola.
A coordenadora de Diversidade, Acessibilidade e Cidadania Cultural (CODAC) da Secult Ceará, Rosana Marques, reitera a importância de somar esforços com a Secretaria de Igualdade Racial, para dar visibilidade a iniciativas como o Festival Afrocearensidades. “Abrir espaço e estabelecer agendas comuns entre as pastas é muito importante para valorizar a identidade negra cearense, onde o reconhecimento dos saberes e fazeres promove a valorização das nossas matrizes culturais e reitera a nossa diversidade, sendo o nosso compromisso enquanto política pública. Compreender o que a sociedade em si necessita, nesse caso, é ouvir para entender quais são suas demandas, para poder incluí-las na agenda governamental do Estado”, reforça Rosana.
Programação cultural diversa em mais de 100 ações pelo Ceará
Espetáculo Baculejo / Foto: Nicolás Leiva
A programação integrada do Festival Afrocearensidades inicia no dia 3 de novembro (sexta-feira), com apresentação artística do grupo Nóis de Teatro, no Teatro Dragão do Mar; Ocupação Fazeno Rock, no Hub Cultural Porto Dragão e atividade sonora no Museu da Imagem e do Som (MIS), com Elton Panamby. O Festival contará ainda com exibição audiovisual “Salve Iemanjá”, no MIS; Debate “Papo Negro”, na Biblioteca Pública Estadual (Bece); show de Mateus Fazeno Rock no cineteatro São Luís; Feira Negra de Fortaleza; evento “A Coisa tá Preta”; exposiçao de capoeira; atividade de fortalecimento e pertencimento étnico-racial com quilombolas, em Quixeramobim, Aquiraz, Tururu e em Trairi; evento é SAL, de sarau, slam e rimas no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A programação semanal do Festival será divulgada pelas secretarias promotoras do Festival Afrocearensidades.
A agenda segue ao longo de todo o mês, em diferentes linguagens artísticas e espaços da cidade. No Complexo Cultural Estação das Artes vale destacar a Festa Suor Preto, criada a partir da articulação de empreendedores pretos Em todas as edições, a Suor Preto não apenas prioriza a participação de artistas negros, mas temáticas que possibilitam reflexões de cunho político e social.
Igualmente realizada por produtores negros, a festa Boom Boom Black promove eventos para reunir o público negro e periférico de Fortaleza e do Ceará. O evento sempre traz referências de figuras importantes na história da luta antirracista e muita música da black music dos anos 70 e 80 até novos ritmos, como Afro House e Afro Beats.
Um destaque entre a programação cultural é a Feira Negra no Dragão, que acontece das 15h às 21h nos dias 18 e 19 de novembro na Praça Verde do Centro Dragão do Mar, reunindo mais de 50 pessoas empreendedoras da Feira Negra, Coletivo Elas de Axé e Mulheres Quilombolas. Além da feira de produtos e a feira gastronômica, a programação conta com espaços e tendas com apresentações musicais e temáticas que envolvem beleza negra, saúde e infância. No mesmo fim de semana, integrando a agenda da Feira Negra no Dragão, ainda acontece a 1ª edição do Prêmio Pretas Potências, realizado pelo Preta Hub.
Foto: Tiago Matine
Também tem Feira Negra no Complexo Cultural Estação das Artes e no Kuya – Centro de Design do Ceará, no dia 12 de novembro, e no Museu da Imagem e do Som, no dia 25 de novembro. A iniciativa é de um coletivo que surgiu com o desejo de garantir visibilidade, espaços de efetivação do empreendedorismo negro, a valorização e a difusão da produção cultural das populações negras da cidade. Hoje são cerca de 30 afroempreendedores envolvidos.
Ainda como parte da programação do festival, o Museu do Ceará, equipamento gerido pela Secult Ceará, realizará uma intervenção artística na fachada do espaço que atualmente abriga o museu, o Anexo Bode Ioiô, em parceria com o grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação (GMFPA), vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), formado por artistas, pesquisadores e educadores. “Os painéis produzidos têm como objetivo celebrar os 20 anos da Lei nº 10.639/2003, que incluiu no currículo oficial do Ensino Nacional a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, abordando especialmente o Patrimônio Cultural brasileiro em uma perspectiva da valorização e promoção da diversidade racial. Além disso, será apresentado ao público o curta-documentário “Revendo Chico da Matilde” sobre o processo de digitalização de acervo iconográfico do famoso abolicionista conhecido como Dragão do Mar. Essa ação representa, simbolicamente, uma referência a conquista do povo negro em sua luta de seis séculos contra a violência discriminatória no Brasil” ressalta a primeira mulher negra a ocupar direção do Museu do Ceará, Raquel Caminha. A ação está prevista para a segunda quinzena de novembro.
Selo Festival Afrocearensidades
Para acompanhar a programação, o público pode acessar a programação geral do evento que seguirá disponível nos links das bios dos perfis de Instagram da Seir e Secult e também identificar o Selo Afrocearensidades, desenvolvido para indicar os mais de 100 eventos que fazem parte dessa grande mobilização integrada em fortalecimento da cultura negra.
Confira a programação completa – Clique aqui
* Programação sujeita à atualização.